Wagner Tiso festeja as 80 estações do trem da vida com show em São Paulo
01/11/2025
(Foto: Reprodução) Wagner Tiso faz show em São Paulo (SP) amanhã, 2 de novembro, abrindo as comemorações dos 80 anos que festejará em 12 de dezembro
Divulgação
♫ ANÁLISE
♬ Tendo partido da cidade mineira de Três Pontas (MG) em 1945, o trem da vida de Wagner Tiso chega à 80ª estação em 12 de dezembro. O pianista, compositor, arranjador e maestro regente já se antecipa e inicia neste mês de novembro as comemorações de 80 anos de vida com show retrospectivo em São Paulo (SP).
Amanhã, 2 de novembro, o artista sobe ao palco do Sesc 24 de maio, em São Paulo (SP), ao lado da Grande Banda e de quarteto de cordas, sob direção musical de Paulo Serau, para lembrar os momentos mais marcantes de carreira que já contabiliza mais de seis décadas, tendo consagrado esse maestro de formação erudita cuja obra deixou marcas indeléveis na música popular do Brasil.
Descendente de família mineira com origens no Leste Europeu (precisamente em Pádua, na Itália), Wagner Tiso Veiga nasceu em berço musical. A mãe era professora de piano. Mas foi no acordeom, instrumento que fascinava os jovens na década de 1950 antes da revolução da Bossa Nova pôr o violão na preferência popular, que o menino aprendiz se iniciou na arte da música.
Ainda assim, Tiso logo foi para o piano e, nesse instrumento, se descobriu músico e absorveu não somente as influências eruditas, mas também os tons sacros das Geraes – propagados pelos órgãos e pelo badalar dos sinos das igrejas – e o balanço da bossa. E aí vieram os anos 1960 e, com eles, Os Beatles e o som da juventude aliciada por esse tal de rock’n’roll.
Não por acaso, o primeiro conjunto formado por Tiso com Milton Nascimento – amigo de infância e de fé – se chamava W’Boys. Naquele altura da vida mineira, os amigos já estavam em Alfenas (MG). Depois, vieram o Berimbau Trio e o conjunto Evolusamba. Até que, já em Belo Horizonte (MG), os caminhos de Tiso e Milton foram desembocar em uma célebre esquina que, mais do que uma esquina em si (que até existiu), simboliza todo um universo musical que descortinou admirável mundo novo na MPB.
Tiso foi o pianista e arranjador fundamental de vários discos associados ao movimento que seria conhecido como Clube da Esquina. Tocando piano e órgão, o músico também foi um dos integrantes do Som Imaginário, grupo que ganhou vida própria após ter sido criado em 1970 para acompanhar Milton Nascimento no show Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário.
Contudo, associar a contribuição de Wagner Tiso somente ao Clube da Esquina e ao Som Imaginário é reduzir (muito0 a importância do artista na música do Brasil. Na seara menos popular da música instrumental, Wagner Tiso pavimentou caminho grandioso com discografia solo que inclui álbuns como Wagner Tiso (1978), Assim seja (1979), Trem mineiro (1980), Toca Brasil – Arraial das Candongas (1982), Manu çaruê – Uma aventura holística (1988), Cine Brasil (1989) e Baobab (1990).
A partir da década de 1990, o compositor – parceiro de Milton Nascimento na célebre canção Coração de estudante (1983), recorrente nas manifestações da campanha pelas eleições diretas para presidente do Brasil entre 1983 e 1984 – intensificou a produção de trilhas sonoras para cinema e teatro, sempre transitando com naturalidade entre o mundo da música erudita e o universo da música popular.
Com duas obras sinfônicas e mais de 200 arranjos na caminhada, o trem da vida de Wagner Tiso vem percorrendo trilhos de todo o mundo, mas nunca perdeu de vista a Três Pontas (MG) natal, paisagem sonora que ora se aproxima da 80ª estação com combustível para prosseguir na bela viagem musical por mais alguns anos.